O EMPREGO DO MEDO NA BIOPOLÍTICA E A VIOLAÇÃO DO DIREITO À LIBERDADE

Autores

DOI:

https://doi.org/10.56238/

Palavras-chave:

Biopoder, Direito à Liberdade, Direito Penal, Estereótipos, Medo

Resumo

No presente estudo far-se-á uma exposição do conceito de biopoder empregado por Michel Foucault, bem como das disciplinas que são utilizadas para garanti-lo, dentre elas, o estímulo e alastramento do medo e como tais métodos afetam o direito personalíssimo à liberdade. A problemática reside no fato de que o medo é uma das disciplinas do biopoder, sendo aplicada no controle sobre os indivíduos, inclusive valendo-se do Direito Penal como legitimador de tais perseguições, reduzindo-os a sujeitos de obediência, sujeição e alienação. Objetiva-se pesquisar como o direito personalíssimo à liberdade é afetado, tanto daquelas pessoas perseguidas como alvos de um temor injustificável, quanto dos demais normalizados, que têm suas liberdades de consciência e autodeterminação prejudicadas em razão da imposição de preconceitos e estigmas falsos. O método a ser utilizado para a pesquisa será o dedutivo, partindo-se da premissa inicial de que o medo é um sentimento inato às pessoas e que é utilizado como ferramenta de controle. A partir dessa ilação, serão analisadas as obras de Michel Foucault e demais autores acerca do biopoder, de suas disciplinas e efeitos. Em seguida, haverá o estudo sobre as pessoas marginalizadas e vulneráveis, bem como de obras que dissertem sobre a eleição desses grupos sociais como ensejadores de temor, visando a pesquisar se existe correlação entre o biopoder e o estímulo de temor a essas pessoas. A pesquisa traz a conclusão de que Estados e organizações estabelecidas elegem, consciente e voluntariamente, certos grupos sociais para serem alvos do medo incutido nas sociedades com o objetivo de aumentar seu controle, uma vez que a população tende a abrir mão de liberdades individuais em prol de proteção a seus temores.

Referências

AGAMBEN, G. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2007.

ALMEIDA, F. R. “A efetivação instrumental e o espaço dos direitos da personalidade”. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 18, n. 53, 2024.

ALSENOY, B.; KOSTA, E.; DUMORTIER, J. “Privacy notices versus informational self-determination: Minding the gap”. International Review of Law, Computers and Technology, vol. 28, 2014.

BATISTA, N. Punidos e mal pagos: violência, justiça, segurança pública e direitos humanos no Brasil de hoje. Rio de Janeiro: Editora Revan, 2019.

BOBBIO, N. Teoria geral da política: a filosofia política e as lições dos clássicos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000.

BROSSAT, A. La démocratie immunitaire. Paris: La Dispute, 2003.

BRUGIÈRE, J. M.; GLEIZE, B. Droits de la personnalité. Paris: Ellipses, 2015.

CASTRO, A.; FACCO, P. H. “O critério de renda no auxílio-reclusão à luz dos direitos da personalidade”. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 23, n. 68, 2025.

CHACÓN, R. “Vita activa de Hannah Arendt como reescritura fenomenológica de la condición humana”. Caderno CRH, vol. 33, 2020.

DANNER, F. “O Sentido da Biopolítica em Michel Foucault”. Revista Estudos Filosóficos, n. 4, 2010.

DELUMEAU, J. “Miedos de ayer y de hoy”. In: DELUMEAU, J. et al. El Miedo: reflexiones sobre su dimensión social y cultural. Medellín: Corporación Región, 2002.

DELUMEAU, J. História do medo no ocidente 1300-1800: uma cidade sitiada. São Paulo: Editora Cia das Letras, 2009.

ELMER, G. “Panopticon – discipline – control”. In: LYON, D. et al. Routledge handbook of surveillance studies. London: Routledge, 2012.

FOUCAULT, M. “Alternativas” à prisão: disseminação ou redução do controle social”. In: FOUCAULT, M. “Alternativas” à prisão: Michel Foucault: um encontro com Jean-Paul Brodeur. Petropólis: Editora Vozes, 2022.

FOUCAULT, M. História da sexualidade: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 2017.

FOUCAULT, M. Nascimento da biopolítica. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2008.

FROST, T. Biopower and Sovereignty in Foucault and Agamben. Kent: University of Kent, 2023.

HAN, B. The Burnout Society. Stanford: Stanford University Press, 2015.

HERTZ, N. “Neurorights – do we need new human rights? a reconsideration of the right to freedom of thought”. Neuroethics, vol. 16, n. 5, 2023.

HINCAPIÉ, M. T. U. “Las incidencias miedo el na politica: una mirada desde Hobbes”. In: DELUMEAU, J. et al. El Miedo: reflexiones sobre su dimensión social y cultural. Medellín: Corporación Región, 2002.

LEMKE, T. “The risks of security: Liberalism, biopolitics, and fear”. In: LEMM, V.; VATTER, M. The government of life: Foucault, biopolitics, and neoliberalism. New York: Fordham University Press, 2014.

MACAYA-AGUIRRE, G. “Gubernamentalidad, biopoder y migraciones en chile: contribuciones del pensamiento foucaultiano al estudio de las migraciones contemporâneas”. Revista Interdisciplinaria de Filosofía y Psicología, vol. 17, n. 6, 2022.

MANSANO, S. R. V.; NALLI, M. “O medo como dispositivo biopolítico”. Revista Psicologia: Teoria e Prática, vol. 20, n. 1, 2018.

MARQUES, A. C. C. “Aplicabilidade do direito penal do inimigo no ordenamento jurídico brasileiro”. Revista Jurídica da Escola do Poder Judiciário do Acre, vol. 1, n. 3, 2022.

MIGUEL, I. G. S.; MORAES, S. B. “El big data como actualización del panóptico de bentham y los movimientos de la educación entre los mundos físicos y virtuales”. Revista Cocar, n. 4, 2017.

NALLI, M. “Liberdade, biopolítica e democracias imunitárias”. Natureza Humana: Revista Internacional de Filosofia e Psicanálise, vol. 26, n. 1, 2024.

NEETHLING, J. “Personality rights: a comparative overview”. Comparative and International Law Journal of Southern Africa, vol. 38, 2005.

PANTAZIS, C. et al. “Pre-crime, hyper-vigilance and the oversurveillance of migrant-heritage families in ‘FGMsafeguarding’ in England and Wales”. Critical and Radical Social Work, vol. 13, n. 2, 2025.

RAMÍREZ, J. G. “Somos ciudades sin murios: el temor y la política en la síntesis tomana”. In: DELUMEAU, J. et al. El Miedo: reflexiones sobre su dimensión social y cultural. Medellín: Corporación Región, 2002.

RASMUSSEN, C. “Fertile ground: the biopolitics of natalist populismo”. ACME: An International Journal for Critical Geographies, vol. 22, n. 3, 2023.

SANTOS, R. G. G. S.; CARVALHO FILHO, G. R. “A realidade do sistema prisional do brasil e a dignidade da pessoa humana”. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, vol. 9, n. 9, 2023.

SANZ, E. R.; SÉTULA, R. “Fear and its role in the social order”. Comunicación y Hombre, n. 19, 2023.

SIMON-EKELAND, A. “How Jean-Baptiste Charcot came to embrace fear but not anger. Emotions of polar exploration and their communication to the public in the 1900s”. Polar Record, vol. 60, 2024.

SIQUEIRA, D. O.; MOREIRA, M. C. “Autodeterminação informativa na sociedade pós-panóptico: novas formas de panoptismo e os direitos da personalidade”. Prisma Jurídico, vol. 22, n. 1, 2023.

STEADMAN, P. “The Contradictions of Jeremy Bentham’s Panopticon Penitentiary”. Journal of Bentham Studies, vol. 31, 2007.

VANDELANNOITTE, A. L.; BERTIN, E. „How to deal with Big Tech power? The “Big Tech Raj”, a new form of biopower in the digital age”. Technological Forecasting and Social Change, vol. 208, 2024.

WALKER, M.; FLEMING P.; BERTI, M. “You Can’t Pick Up a Phone and Talk To Someone”: How Algorithms Function as Biopower in the Gig Economy. Organization Journal, vol. 28, n. 1, 2021.

WERMUTH, M. A. D.; CAMPOS, P. B. “Livrai-nos de todo mal”: medo, controle social e segregação espacial. Revista de Direito da Cidade, vol. 14, n. 4, 2022.

ZAFFARONI, E. R. Direito penal humano e poder no século XXI. Salvador: Editora da UFBA, 2020.

ZEDNER, L. “Pre-crime and post-criminology?” Theoretical Criminology, vol. 11, n. 2, 2007.

Downloads

Publicado

2025-10-28

Edição

Seção

Ensaios

Como Citar

O EMPREGO DO MEDO NA BIOPOLÍTICA E A VIOLAÇÃO DO DIREITO À LIBERDADE. Boletim de Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v. 24, n. 70, p. 258–282, 2025. DOI: 10.56238/. Disponível em: https://revistaboletimconjuntura.com.br/revista/article/view/7982. Acesso em: 17 dez. 2025.

Artigos Semelhantes

11-20 de 1400

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.